Na Cidade de México, a cada ano morrem 1.000 pessoas em acidentes de trânsito e no país, 50 pessoas a cada dia. Estes dados posição o México como sétimo à nível mundial nesta problemática urbana, segundo dados da sede local do Instituto de Políticas para o Transporte e Desenvolvimento (ITDP de México).
A necessidade de assegurar a integridade durante os deslocamentos a pé fez com que a cidade modificasse seu Regimento de Trânsito ao introduzir a política "Visão Zero". Esta é uma iniciativa que surgiu em 1997 na Suécia e que sugere que não existam mortos ou feridos frutos de acidentes viários através de mudanças na normativa e no desenho urbano.
Como isto se implementaria no Distrito Federal? Explicaremos a seguir.
A abordagem sueca para ter ruas mais seguras
“Nenhuma morte é moralmente aceitável". Esta foi a premissa sob a qual nasceu Visión Cero em Estocolmo (Suécia) há quase 20 anos. Desde então, o país se propôs a reduzir os falecidos à estadísticas que poderiam parecer utópicas, como ter 3 mortos em acidentes de trânsito a cada 100 mil habitantes.
Além disso, após a implementação de novas medidas de segurança nas ruas, como a criação de 12.600 cruzamentos pedonais que são devidamente visíveis, com espaços pintados, segregados e iluminados, as Zonas 30 - áreas onde os veículos somente podem circular até 30 km por hora - e a execução de programas de educação viária, apareceram mudanças positivas.
Até agora, a aplicação desta abordagem na política de trânsito sueca permitiu diminuir as mortes para 5 a cada 100 mil habitantes. Tal política continua vigente para alcançar a meta imposta inicialmente.
O que ainda precisa melhorar, de acordo com os dados do país nórdico, é eliminar as falhas técnicas do sistema de trânsito e mudar os maus hábitos dos condutores, como dirigir sem cinto de segurança, sob efeito de álcool e com excesso de velocidade.
Visão Zero na Cidade do México
A decisão de implementar a política "Visão Zero" no DF foi possível graças ao trabalho coordenado entre as autoridades e organizações da sociedade civil que começaram a difundir os alcances positivos na segurança viária para todos os usuários do espaço, sejam pedestres, ciclistas ou condutores.
Desta maneira, se propôs reduzir em 35% as atuais 1.000 mortes anuais que ocorrem nas ruas da cidade, das quais quase a metade são pedestres.
Para alcançar esta meta, o Governo do Distrito Federal aprovou durante a celebração do Dia Internacional do Pedestre, no dia 17 de agosto, as mudanças no Regulamento de Trânsito da Lei de Mobilidade que estabelecem novas ações classificadas na aplicação da lei, no desenho das vias e no estabelecimento de uma cultura da mobilidade.
Neste sentido, uma modificação sugere que nas vias primárias a velocidade diminua de 70 para 50 km por hora e que nas vias com acesso controlado a velocidade máxima permitida seja de 80 km por hora.
Uma segunda mudança consiste em proibir a mudança de direção para a direita contínua, como explica Laura Ballesteros, chefe com Novo Modelo de Mobilidade da Cidade o México, "está comprovado que é a primeira causa de atropelamentos nas cidades".
Também foram estabelecidas novas condições para o transporte de carga, já que, agora deverão ser instaladas barras laterais no momento de descarregar os produtos, enquanto que no caso dos táxis, se incentivará o uso de cadeiras de segurança para crianças (nos veículos novos).
Além disso, será fomentado o uso obrigatório do cinto de segurança em todos os passageiros e se sancionará os condutores do transporte público que pararem em lugares não autorizados para os passageiros descerem.
Por último, foram estabelecidas novas multas para quem estacionar nas calçadas, bloquear as rampas para pessoas com mobilidade reduzida e as faixas de pedestres, para as empresas que instalem anúncios de publicidade não autorizados que bloqueiam a visibilidade e para aqueles que falem no telefone enquanto conduzem.
Referências: ITDP de México, Vision Zero Iniciative, El Comercio.
